Fotografamos, sempre, todos. Nos encontramos regularmente em torno desse interesse comum; a fotografia de autor. Compartilhamos, convivemos, construimos. Nesta exposição apresentamos obras em homenagem ao tema deste evento, a maturidade, em diálogo com nossa primeira publicação impressa, cujo fio condutor é a identidade.

Bernardo Dorf idealizou a imagem da capa de nossa publicação, uma superposição do retrato de cada um dos integrantes do Mundo Líris, inspirado no trabalho de Krzysztof Pruszkowski, fotógrafo polonês. No novo retrato apresentado aqui estão plasmadas as ‘parecenças e diferenças’ de sua própria família que, para o seu olhar, poderiam ser as diferenças e parecenças de qualquer outra.

Eu, Luciana Mendonça, fotografo desde que sonhei que fotografava. Ato diário. No casamento do filho de uma amiga vi surgir minha própria versão das ‘Três Graças’, deusas da felicidade que, quando de mão dadas, simbolizam o dar, receber e retornar.

Márcio Távora fotografa São Paulo desde 2003. Aqui apresenta seus avós, em retrato branco e preto de 2017, impresso por ele mesmo em seu laboratório analógico.

Helena Rios utiliza o livro como ferramenta de expressão artística. O exemplar que apresenta aqui faz parte de uma edição limitada, feita especialmente para sua família, a partir de uma viagem que realizaram juntos.

Beatriz Pontes apresenta um retrato seu de quando menina e um retrato que fez de sua mãe, aqui em um de seus livros que tratam de memória e fotografia.

Flávia Tojal tem como um de seus temas de interesse a vida em família. Durante uma residência de artista na França foi convidada para as Bodas de setenta anos dos pais de seu anfitrião, Pierre Devin. A caixa portfólio ‘Os Devin’ é um dos desdobramentos desta oportunidade.

Marina Piedade estuda gestão cultural na Columbia University, em Nova Iorque. Quando convidada para compor esta mostra estava de férias na Austria. Lá descobriu que, por gerações, as famílias têm seus lugares cativos nos cultos de Igrejas locais.

Renata Angerami entregou um presente e uma carta enviados por sua mãe para sua avó. Entregou e permaneceu, presenteada.

Marcelo Guarnieri transita entre seu estúdio de tratamento e impressão Fine Art e seu fascínio por processos artesanais. Herdou cerca de 900 negativos da família de seu pai, construiu uma caixa de luz e deu início à confecção de uma série de impressões com o processo Marrom de Van Dyke.

Daniele Queiroz narra histórias usando tanto suas verdades quanto suas ficções. Além do retrato de sua avó apresenta uma obra criada a partir de antigos retratos da sua família que, como uma relíquia, aponta para o sagrado comum a todos nós.

Luciana Mendonça – curadora