Singrando pelo acontecível
Da entrada em cena de um caminhão correndo na estrada à saída do trem metropolitano, este grupo se deslocou por um circuito incerto e imprevisto. Singrou seu próprio caminho entre muitos traçados possíveis. A viagem à deriva os levou não a um lugar determinado, mas a completar um ciclo.

Ciclo de envelhecimento e de morte no sentido do crescimento. Ciclo de amadurecimento que como todo amadurecimento leva a ressignificar experiências, recriar paisagens.

Não há campo e natureza: os olhares urbanos dos fotógrafos encontram e expressam simulações de natureza. Não há personagens: as figuras humanas que cadenciam o ensaio percorrem – elas também – um circuito. Da infância à nova infância: a vida, um processo.

Os fotógrafos urbanos que viajam no interior sem rumo pré-estabelecido não vêem o que aconteceu. Estão atentos ao acontecível. Se rematerializam nessa empreitada proposta para si mesmos.

Será céu azul ou tela apartando o pássaro de seu vôo? Mais uma cadeira vazia ou, quem sabe, um renovado esforço para ver através do espelho?

Bárbara Aguiar e Daniel Helene