Exposição e lançamento da publicação Líris #1 | de 14 a 28 de março de 2015

Estúdio Távora

Beatriz Pontes, Bernardo Dorf, Daniele Queiroz, Flávia Tojal, Helena Rios, Luciana Mendonça, Marcelo Greco, Marcelo Guarnieri, Márcio Távora, Marina Piedade e Renata Angerami

O que significa, para um artista, ter seu espaço permeado pelo trabalho de outros artistas? De que forma mergulhamos ali, nos seus cantos, gavetas e paredes? A ocupação do Estúdio Távora pelo Mundo Líris coloca em destaque a permeabilidade das relações e as sucessivas camadas que nos protegem e nos aproximam do outro na construção de nossa identidade.

A decisão de criar uma instalação no ateliê de Márcio Távora partiu da tentativa de desvendar o espaço físico como continuação do corpo. O estúdio pulsa, esconde, escancara e expõe algumas das camadas da identidade e da intimidade do artista. Neste espaço, Márcio nos apresenta uma faceta de seu universo. Por que essa? Existem outras? Até onde conseguimos ir na busca pela identidade do outro? Quais camadas estamos dispostos a mostrar, e como fazemos esta revelação?

Acolhidos neste universo, encontramos a nós mesmos nas paredes e no espaço, na conexão com o outro, num jogo sutil de limites, mais ou menos porosos. Damos forma à identidade do grupo, feita de janelas por onde se vêem os horizontes de cada um dos indivíduos. É na organicidade, simbolizada pela relação entre molduras e fotografias, espaço entre obras, objetos, paredes e vazios, que o visitante é convidado a interagir com a identidade de cada artista e com a multiplicidade que se constrói nas inúmeras leituras desse mosaico.

Dentro da exposição e da publicação, as interrelações são mostradas o tempo todo, em uma dinâmica em que o vir-a-ser importa tanto quanto o que já se foi. Os limites ora se diluem e estamos mais entregues, ora se intensificam e vemos uma espécie de pele grossa que nos separa do outro. Ora estamos sozinhos, ora em conjunto.

A publicação Líris #1, projeto de gestação longa, é então uma das manifestações da identidade do grupo. Lança-se ao mundo com a promessa do futuro, com a perenidade e a mobilidade do livro, atravessa barreiras geográficas e perdura no tempo. Transforma-se, também ela, nesses percursos.

Aqui, no estúdio ocupado, o visitante é convidado a também mergulhar e descobrir seus próprios mosaicos de relações, a criar seus próprios significados. O processo completa-se com o outro, desfaz-se no outro, e se refaz, num incessante recriar de quem somos.