Bernardo Dorf sobre Roberto Vietri
projeto Strange Fruit – atividade 2 – 2012, São Paulo
A arte de perder não é nenhum mistério;
Tantas coisas contém em si o acidente
De perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouquinho a cada dia. Aceite, austero,
A chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério…..
Elizabeth Bishop,”One Art” do The Complete Poems 1926-1979
O paradoxo do sentimento da perda é que, primeiro precisamos ter a sensação da possessão, para ao perdermos percebermos que já não temos mais. Não existe alguma possibilidade de perdermos sem antes possuirmos.
Em seu trabalho anterior, Vietri resgata resíduos em branco e preto de uma relação garimpada ainda na dor do sofrimento da perda, desenhando uma narrativa de desfecho anunciado.
O que nós não poderemos prever é o destino dos personagens, diante dos infinitos caminhos.
Neste novo trabalho em verde desesperança monocromática, a relação se inverte.
Não são resíduos, mas sim pistas para uma nova situação para qual não existem infindas possibilidades.
Elas existiram sim; mas no passado.
Hoje elas se afunilam; tanto, tanto que contamos nas pontas dos dedos, ou nos pares de sapato dispostos diante de nós, espiados de soslaio, com uma desconfiança blasé de um olhar cansado, desorientado, procurando na janela, à uma vertiginosa altura; uma fonte radiante de luz para que se ter esperança de vislumbrar as alternativas .
Os dois trabalhos exibem o binômio Transformação- Investigação com a alternância do sujeito- objeto. O sujeito no primeiro vira o objeto no segundo.
Os espaços são exíguos, quase sufocantes, com suas intermináveis molduras e a percepção nítida do que ocorre em cada situação.
A angustia do fotografo/fotografado nos é revelada a cada momento e a expectativa é que ele consiga desenvolver o seu desejo fotográfico conseguindo caminhos para ampliar este projeto.
The art of losing isn´t hard to master;
so many things seen filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent
The art of losing isn´t hard to master…….
Elizabeth Bishop, “One Art” from The Complete Poems 1926-1979
The paradox of the feeling of loss is, we must first have a sense of possession, only when we lose we can realize that we no longer have. There is none possibility of losing without having first.
In his earlier work, Vietri rescues Black and white residues of a relationship mined still in pain of the loss, designing a narrative outcome announced.
What we cannot predict is the fate of the characters, before its infinite paths.
In this new work in green monochrome hopelessness, the relationship is reversed.
No residues, but clues to a new situation for which there are no endless possibilities.
They existed, but in the past.
Today they funneled , so much that we can count at our fingertips, or in pairs of shoes arranged in front of us, spied sideways, with a blasé suspicion of a tired look, disoriented, looking through the window, at a dizzy height; a radiant source of light ,so you can have hope to envision alternatives.
Both works show the pair Transformation- Research with the alternation of subject-object.
The subject in the first work is the object seen in the second.
The spaces are tight, almost suffocating, with its endless frames and clear perception of what happens in each situation.
The anguish of the photographer / photographed is revealed every moment and the expectation is that he can develop his desire to expand photographic paths to achieve this project.
