Renata Angerami sobre Helena Rios

projeto Strange Fruit – atividade 2 – 2012, São Paulo

Olhando para o trabalho de Helena relembro que a vida é feita de ciclos, que somos passageiros e que a cada ciclo tudo se renova.

Vejo a importância da família, das relações, dos sentimentos, dos apegos e desapegos, dos caminhos que começam juntos e depois se separam, do percurso de cada um, do ser no mundo.

São imagens emocionalmente carregadas, mas ao mesmo tempo bastante delicadas, que tratam com muita sensibilidade de questões como a perda, os diferentes rumos de cada um, inicios e términos e de ciclos que se cruzam.

Me fez lembrar a frase de uma musica: “Qual é a parte da sua estrada no meu caminho?…”

É como se as imagens contribuíssem para a compreensão de um processo de individuação, para a percepção que apesar da família, de você ser parte de um todo, você também tem seu percurso, sua história individual que vai sendo traçada, com seus ganhos e perdas.

Em alguns momentos, esse percurso individual gera um sentimento de solidão que aparece nas imagens, mas é tratado por Helena de forma serena e natural. São ciclos da vida dentro de uma espiral que sobe, onde o tempo apresenta questões semelhantes que são vividas com mais maturidade, consciência e intensidade.

Assim o trabalho ganha força sem perder a delicadeza e a beleza que nos tocam e nos convidam a um mergulho profundo.

Looking at Helena´s work I am reminded that life is made of cycles, we are passengers and that everything is renewed in each cycle.

I can see the importance of family, relationships, feelings, attachments and detachments, the road that start together and then split up, the route of each one, the being in the world.

They are emotionally intense images, but at the same time extremely delicate, that deal with a lot of sensibility issues such as losses, different paths of each one, beginnings and endings and cycles that intersect. 

It reminds me of a phrase of a song: “Which part of your road is in my way?…”

It is as if the images contribute to the understanding of the process of individuation, to the realization that despite the family, that you are part of a whole, you also have your own route, your individual history that is being drawn, with its gains and losses. 

Sometimes this individual path generates a loneliness feeling which appears in the images but is treated calm and naturally by Helena.   They are cycles of life inside an upward spiral, where time presents similar issues that are lived with more maturity, conscience and intensity.

Thus the work gains strength without losing its delicacy and beauty which touches us and invites us to a deep dive.