Despedida

Quando ele se encontrava em seu leito no hospital, recebeu a visita de um tio que muito o admirava. Naquele encontro, que eu participava como espectador, pude ouvir que meu avô sempre dizia “o verbo render-se não era conjugado em nossa família”. Naquele instante olhei para meu pai e percebi a força daquela frase.

Ele que estava ali em seus momentos finais, demonstrava a todos que não iria render-se. Sabia que perderia, mas não entregaria sua vida facilmente. Ele lutou sempre para não sucumbir aos ditames do mundo. Escolheu seus valores e seus caminhos. E desta forma aprendi a viver, assim ele me ensinou. Não sei se honro tamanha lição!

Na noite que eu ao seu lado, conversando sem emitir um único som, me despedi, disse adeus ao homem mais importante da minha vida. Sabia que nunca mais o veria e lembrei que assim como ele guardou de seu pai momentos preciosos, levo comigo minhas lembranças. Uma delas servia exatamente para aquele momento, “Segue em frente”. Era assim que a todo tropeço meu, colocando sua mão em meu ombro, me fazia caminhar. E foi assim até o momento dessa despedida. “Segue em frente”.

Segurando sua mão reconheci a fragilidade da vida e a importância de tudo que aprendi com ele.

Você fará muita falta, meu pai.