Alhures
fotografar é ato no inexistente. imagem é coisa que nasce entre sendos. antes do vejo toda imagem é vestígio. suspeita. presságio. rumo ligeiro de instante. átimo ato. ìntimo fato. inexato alvo.
do mundo à foto é trajeto de mistérios.
o olhar de beatriz pontes nos diz que aqui é outro lugar. talvez entre o que sentimos e o que vivemos. ou entre o que somos e o que vemos. mas sempre entre o que é o que está. algum lugar. onde só se pode chegar com a alma alhures – como gostava de dizer machado de assis.
uma viagem a ALHURES pressupõe abandono da narrativa e entrega ao fluxo. é aventura para se viver em miragens. ver como quem respira. perceber como quem acorda. compartilhar como quem caminha. deixar-se levar pelo agora. para então – quando novamente atar-se ao dia que ruge – inaugurar dentro de si um secreto e precioso alhures donde se possa enxergar tudo o que há. para onde se possa voltar quando urgente for silêncio e permanência.
beatriz estende suas imagens como pontes. entre aqui e alhures nenhum passo se dá além do mergulho nesse olhar.
boa viagem.
Paulo Amoreira